Palavra Santa - A Ira de Deus

 Palavra Santa: 

Compreender a Ira de Deus

A Bíblia, o Livro dos livros, enquanto matéria, é, de facto, objeto de arte religiosa.

Transforma-se e converte-se em obra de arte, quando se torna acontecimento na leitura pessoal e litúrgica como atualização enquanto Escritura Sagrada e sacramento (sinal) da Palavra de Deus.

No rito litúrgico, o próprio ato de elevá-la em procissão, colocando-a num pedestal, usá-la para
abençoar a comunidade e venerá-la com velas e incenso é deveras sinal da percepção do seu conteúdo inspirado enquanto símbolo da Palavra de Deus.


Objeção

Porém, alguns, querendo atacar o conteúdo e a autenticidade destas Sagradas Páginas, objetam que na Escrituram estão evidentes aparentes mentiras, cenas de crueldades chocantes (fornicação, divórcio, adultério, poligamia,...) e contradições.

Além disso, algumas passagens, especialmente do Antigo Testamento, pintam a imagem de um Deus sanguinário e vingativo, e, frequentemente, fervorosos orantes lançam imprecações ou violentas invocações que desejam o mal aos seus inimigos.

 Essas objeções frequentemente, também, fazem contrastar o Deus do AT, visto como cruel, conquistador e terrível, com o Deus do NT de amor e perdão.


 Narrações de Violência Física

Não há como negar que na Escritura não há como negar relatos de violência explícita com o próprio Deus a ordenar essa crueldade.

Como por exemplo, a destruição total dos cananeus, em que nesses e outros muitos relatos, Israel é protagonista de cruéis formas de violência, realizadas, permitidas ou desejadas em nome de Deus, ou pelo próprio Deus como na destruição de Sodoma e Gomorra.

Perante estas dificuldades e choques na leitura destas passagens, devemos ter noção de que o realismo da linguagem bíblica está inserido no contexto cultural do antigo Próximo Oriente.


Como o oriental é mais realista nas suas descrições do que o ocidental, são propensos a eufemismos. Por isso, a narração do mal não é necessariamente uma narração má.

Além disso, o mais importante é de não idealizar o Povo de Deus. Temos de situar esse povo na história, dentro do seu contexto social e que a própria compreensão da História da Salvação e da sua moral evoluiu ao longo do tempo e estar atento muitas vezes ao género literário épico que exagera a violência do extermínio sem correspondência exata à realidade. 

Por exemplo, a "lei de talião" (olho por olho, dente por dentre) não seria uma canonização da violência, mas um refreamento à sede de vingança ilimitada para além da ofensa ou dano causado.


Ira de Deus

Também o tema recorrente da Ira de Deus pode causar dificuldades.

Se não se tiver presente o contexto religioso e a linguagem figurativa, o texto pode incorrer em escândalo.

Na Escritura, associa-se a ira de Deus à enormidade do pecado humano. Representa a juízo e a indignação de Deus sobre o pecado cometido.

Por isso, a ira atribuída a Deus nunca aparece como a sua última palavra, sendo um convite à conversão e ao arrependimento.

Embora provocado, a ira de Deus cede ao amor. Falar da ira de Deus é falar de um Deus que ama apaixonadamente o seu povo.

A ira punitiva divina não é a antítese do amor, mas o outro lado do amor.


Bibliografia

Palavra Viva, Escritura Poderosa - Armindo dos Santos Vaz






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