Igreja e Revolução Francesa (Parte 2)
Consequências da Revolução Francesa
A Revolução Francesa foi tão grandiosa e significativa nos seus eventos que, na História, separou a modernidade da contemporaneidade, iniciando assim uma nova etapa da História.
Ela suscitou um novo clima e ambiente, em que a Igreja teve de trabalhar e de se adaptar.
As características e marcas fundamentais, como já relatadas na primeira parte, são expressas pelo trinómio: Liberdade, Fraternidade e Igualdade.
Por detrás destas palavras bonitas, estão realmente presentes a secularização e o triunfo do individualismo.
Esta nova mentalidade afirmava a igualdade entre todos, aceitando as diferenças provenientes do serviço social atual daria surgimento à necessidade de um regime democrático.
No ideal de Fraternidade, tão usado pelo Cristianismo que afirmava que todos são filhos de Deus , a Revolução deturpou-a para as suas perseguições e guerras.
E também o ideal de liberdade foi suprimida com a ditadura de Napoleão Bonaparte, autointitulado imperador.
Em síntese, liberdade, fraternidade e igualdade, não passaram de uma ilusão.
A mentalidade revolucionária exerceu influência entre os filósofos, no que então pensava-se que todo o poder provinha do alto e se ramificava na Igreja e no Estado, como duas vias complementares; agora entende-se que todo o poder provinha do povo e concentrava-se unicamente no Estado (lembremo-nos da Constituição civil do Clero e o aparente triunfo do ateísmo).
Posteriormente, após serem ultrapassados os exageros da Revolução, compreender-se-á que a Igreja e o Estado são duas entidades que não poderiam ser colocados no primeiro plano.
A Igreja, uma instituição com uma organização hierárquica - sacramental, diretamente fundada por Deus em Cristo; e o Estado que assume as formas contratuais das comunidades humanas, das quais emerge.
Explicitações de algumas consequências
Para além dos dramas dos eventos, a Igreja e toda a Cristandade pode extrair da Revolução algumas lições:
1) As pessoas mais cultas tomam uma nova consciência do bem comum, compreendendo que todos, não somente os privilegiados, se devem interessar por esse bem. A isto se chama a afirmação do sentido democrático com a formação dos primeiros Estados modernos constitucionais, com o poder controlado e emanado pelo povo através do parlamento. A Declaração dos direitos humanos constitui assim o inicio efetivo deste novo estilo de governo democrático.
2) A separação entre Igreja e Estado vista inicialmente com aspetos negativos, com o passar do tempo as suas vantagens tornam-se evidentes.
Esta vantagem pode expressar-se com um duplo efeito: os cristãos distinguem melhor a esfera religiosa da profana, e, por conseguinte, aprendem a não usar com demasiada facilidade os meios seculares para a afirmação da Igreja.
3) O desaparecimento da secular e poderosa organização do episcopado francês e alemão, privilegiado com poder pelos príncipes, que contrastavam a figura do Papa alegando autonomia, agora, com a Revolução, com os poderes seculares abolidos, a unidade da Igreja é estabelecida.
Bibliografia
História da Igreja. O desenvolvimento da vida da Igreja do Pentecostes aos nossos dias de Michel Lemonnier; Silvio Ceccon
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