Igreja e a Revolução Francesa

 Revolução Francesa


A sociedade contemporânea é fortemente influenciada e marcada pela Revolução Francesa, nos seus ideias de liberdade, fraternidade e igualdade.

Mas, à primeira vista podemos pensar que esses ideais são bons e próximos ao do Evangelho.
Por exemplo, a fraternidade entre os povos foi um tema da encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco.
Porém, mesmo no imaginário popular fica a revolução está marcada pela imagem do rei guilhotinado, como que uma derrota da monarquia e do poder absoluto.


Quais as origens da Revolução?

As causas da Revolução foram os vícios e os abusos da organização social e política do antigo regime, já manifestos sob o reinado do Rei Luís XIV.
Além disso, fizeram-se presentes as ideias filosóficas do século XVIII do Iluminismo, que
contestavam toda a autoridade de direito divino e proclamavam a igualdade entre todos.

O país, também, atravessava uma grave crise económica e financeira, e enquanto o povo vivia na miséria, a corte vivia no luxo com gastos exagerados e inúteis. 
Para acarretar a reforma do país, a monarquia revelava-se impotente e o alto clero (episcopado), escolhido pelos nobres, vivia no chamado absentismo pastoral, ou seja, afastado das suas obrigações pastorais, esquecendo o concílio de Trento.

A sociedade francesa estava dividida em clero, nobreza e no chamado terceiro estado que era o povo.
Com o apoio do baixo clero dado ao terceiro estado permitiu-se aos Estados Gerais transformarem-se numa Assembleia Nacional Constituinte ao lado do Rei, em 1789.

Para a reforma que a nação precisava, a assembleia votou a abolição de todos os privilégios do regime feudal, proclamando a Declaração dos Direitos Humanos.
A Revolução começou assim.

Constituição Civil do Clero
Como a Igreja estava demasiada ligada às instituições da monarquia, ela passaria a ser alvo de uma sanguinária perseguição.
Em 1790, a Assembleia votava a nacionalização dos bens eclesiásticos, a supressão das ordens contemplativas e a Constituição Civil do Clero.
Esta Constituição Civil do Clero decretava que os bispos deveriam ser eleitos pelo povo em vez do rei e obrigava ao juramento da obediência ao governo nacional.
Com isso, além de ser uma revisão da concordata de 1516, levava à separação da Igreja francesa do Papado e a uma subjugação ao Estado.
Neste processo, em fidelidade com Roma, dos 133 bispos, só 4 realizaram o juramento civil.
Por isso, podemos admitir que a Assembleia dividiu o país em dois, o que originaria uma guerra civil.

Em Roma, o Papa Pio VI, em 1791, não se mostrou indiferente e condenou a Constituição civil do clero.

Perseguição à Igreja

As prisões começaram a encher-se de sacerdotes e emigrantes.
Em setembro de 1792, ocorre o massacre de uma grande quantidade de sacerdotes e aristocratas. A Convenção nacional ainda abole a monarquia e o calendário gregoriano,
como tentativa de eliminar o próprio cristianismo. 
Em 1793, ocorre a celebração da solene e ridícula entronização  da "deusa razão", na Catedral de Notre Dame.
No mesmo ano, o Rei Luís XVI e a Rainha Maria Antonieta são guilhotinados.

A resistência de La Vendée 

O povo cristão da província, especialmente na região de Anjou e de La Vendée, reagiram muito negativamente à Constituição civil e do clero e pelo facto de as autoridades civis raptarem jovens para se alistarem no exército da República.
Com isso, eles organizaram um exército católico, em 1793, que posteriormente seria derrotado pelo exército regular.
Todavia, essa resistência obrigou Convenção a negociar.
Com isso, foram assinados três atos, em 1795, que garantiam a amnistia dos insurretos, o direito dos sacerdotes refratários ao juramento civil de conservarem os seus cargos e de praticar livremente o culto.

Apesar das perseguições, o povo francês conservava-se substancialmente católico, pela perseverança e coragem de uma parte significativa do clero.






Bibliografia
História da Igreja. O desenvolvimento da vida da Igreja do Pentecostes aos nossos dias de Michel Lemonnier; Silvio Ceccon

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